Leituras imperdíveis

domingo, 19 de dezembro de 2010

Liberdade!!




O que me move? Uma eterna ânsia de viver...
A incerteza do futuro me coloca em um estado constante de liberdade...Liberdade de ir onde meu coração mandar. De voltar, quando ele me chamar. De sorrir de situações inusitadas, de bobagens, de tudo e até de mim mesma. Sorrir, sorrir e sorrir...porque não???
Liberdade de ser quem sou, sem medo de errar ou de me sentir tolida quanto aos meus desejos, atos ou escolhas. Liberdade de chorar quando o coração sufocar de dor, de tristeza, de mágoa, de saudade, de alegria, de emoção. Liberdade de bradar a quem quiser e quando quiser meus sentimentos. De gritar, sem medo de ser julgada por isso. De ser criança e olhar o mundo estupefacta, maravilhada com as coisas mais simples. Liberdade de não ter medo de arriscar quando penso que realmente vale a pena. De fazer escolhas que pra mim soam como prenúncio de felicidade. Ser livre pra pensar, agir, ser... Se a felicidade existe, ela só pode ser alcançada enquanto um estado de liberdade plena. Mas não uma liberdade isenta de respeito pelo outro. Uma liberdade egoísta é eterna prisão...
As certezas de agora podem virar cinzas amanhã, mas eu gosto de pensar que tudo tem seu tempo e que deve-se saborear os momentos como se fossem únicos. E eles verdadeiramente o são....


Escrevi esse texto tem um tempo, mas hoje deu vontade de postá-lo aqui... Apropriado para um fim de ano, talvez!!!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Incoerências



A confusão não é sua, é minha.

Não há confusão na sua pouca vontade de ter companhia e na sua auto-suficiência. Confusão há na minha necessidade de não estar só, na minha busca por intimidade e presença.

Não há confusão na sua busca por objetivos, mesmo que eles lhe afastem de mim. A confusão reside na minha intolerância aos planos que não me incluem.

Não há confusão no seu apreço pelos momentos com amigos. Confusa sou eu e minha necessidade de compartilhar o que me é importante.

Não há confusão nos seus atos, mesmo que por um instante as palavras não coincidam. As minhas ações é que são de uma incoerência sem tamanho.

Não há confusão no seu ciúme e sentimento de posse. Confusa sou eu que acredito na confiança e liberdade, e principalmente no cuidado que cativa e faz nascer o desejo de ficar.

Não há confusão na sua discrição exagerada, quase secreta. Há confusão sim na minha exposição sem medidas, sempre.

Decidir por si não é fácil, decidir pelo outro é impossível, interpretar que há indecisão e confusão onde só há diferença de perspectivas, parece ter sido minha escolha.

Você me olha com olhar de quem não entende e eu respondo: eu é que estou no lugar errado. O lugar da sempre espera, sem retorno.

Sempre indo além do que deveria na esperança de que alguém me salve deste emaranhado de dúvidas e expectativas confusas em que vez em quando me encontro.

Esse lugar que não deveria ser meu, que eu não gostaria que fosse meu, mas que inevitavelmente eu me encerro.

Quando você me diz “eu estou confuso”, talvez exista mais medo do que dúvida. Medo inclusive de dizer a verdade.

Eu entendo. Eu sempre entendi, mas a confusão não me deixou reagir.

Eu deveria partir. Agora. Sem volta e sem olhar pra trás. Esse deveria ser o meu Adeus. Será que consigo? Eis a questão.

domingo, 24 de outubro de 2010

Harriett - Caio Fernando de Abreu



A função do blog nem é de postar textos de outras pessoas, mas é que esse conto é tão lindo que eu queria compartilhar com vocês.

Talvez o mais triste e lindo que já li! Do livro "O ovo apunhalado"

"Chamava-se Harriett, mas não era loura. As pessoas sempre esperavam dela coisas como longas tranças, olhos azuis e voz mansa. Espantavam-se com os ombros largos, a cabeleira meio áspera, o rosto marcado e duro, os olhos esquecidos. Harriett não brincava com os outros quando a gente era criança. Harriet ficava sozinha o tempo todo. Mesmo assim, as pessoas gostavam dela.
Quase todo mundo foi na estação quando eles foram embora para a capital. Ela estava debruçada na janela, com os cabelos àsperos em torno das mãos salientes. Eu fiquei olhando para Harriett sem conseguir imaginá-la no meio dos edifícios e dos automóveis. Acho que senti pena - e acho que ela sentiu que eu sentia pena dela, porque de repente fez uma coisa completamente inesperada. Harriett desceu do trem e me deu um beijo no rosto. Um beijo duro e seco. Qualquer coisa como uma vergonha de gostar.
Essa foi a primeira vez que eu vi os pés dela. Estavam descalços e um pouco sujos. Os pés dela eram os pés que a gente esperava de uma Harriett. Pequenos e brancos, de unhas azuladas como de criança. Eu queria muito ficar olhando para seus pés porque achei que só tinha descoberto Harriett na hora dela ir embora. Mas o trem se foi. E ela não olhou pela janela.
Um tempo depois a gente viu uma fotografia dela numa revista, com um vestido de baile. Harriett era manequim na capital. Todo mundo falou e comprou a revista. Quase todos os dias a gente via a foto dela nos jornais. Harriett era famosa. A cidade adorava ela, mas ela nunca escreveu uma carta pra ninguém.
Muito tempo depois, eu a vi outra vez. Eu estava trabalhando num jornal e tinha que fazer uma entrevista com ela. Harriett estava sozinha e não fiou feliz em me ver. Continuava grande e consumida e tinha nos olhos uma sombra cheia de dor. Fumava. Falei da cidade, das pessoas, das ruas - mas ela pareceu não lembrar. Contou-me de seus filmes, seus desfiles, suas viagens - contou tudo com uma voz lenta e rouca. Depois, sem que eu entendesse porque, mostrou-me uma coisa que ela tinha escrito. Uma coisa triste parecida com uma carta. Tinha um pedaço que nunca mais consegui esquecer, e que falava assim:


sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meus deus como você me doía vezenquando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meus deus ah meu deus como você me dói vezenquando

Quando terminei de ler, tinha vontade de chorar e fiquei uma porção de tempo olhando para os pés dela. E pensei que ela parecia ter escrito aquilo com os pés de criança, não com as mãos ossudas. Eu disse para Harriett que era lindo, mas ela me olhou com aquela cara dura que a gente não esperava de uma Harriett e disse que não adiantava nada ser lindo. Tive vontade de fazer alguma coisa por ela. Mas eu só tinha uma vaga na pensão ordinária e um número de telefone estragado. Eu não podia fazer nada. E se pudesse, ela também não deixaria. Fui embora com a impressão de que ela queria dizer alguma coisa.
Três dias depois a gente soube que ela tinha tomado um monte de comprimidos para dormir, cortou os pulsos e enfiou a cabeça no forno de fogão a gás. Foi muita gente no enterro e ficaram inventando histórias sujas e tristes. Mas ninguém soube. Ninguém soube nunca dos pés de Harriett. Só eu. Um desses invernos eu vou encontrar com ela no meio duma praça cinzenta e vou ficar uma porção de tempo sem dizer nada só olhando e pensando: que pena - que pena, Harriett, você não ter sido loura. Vezenquando, pelo menos."

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Um lamento...


A voz, agora muda
O sorriso transfigurado em seriedade
A dureza em que configuramos nosso coração por conta do medo
Medo de sofrer, medo da repetição, medo do medo
Lamento as dores que sufocantemente vão martelando e tilintando ferozmente a cada vez que tudo se finda, de novo.
Lamento pelo não vivido: sonhos não divididos, sorrisos não compartilhados, leveza e entrega não experienciada, descobertas, lugares e pessoas não conhecidas
Vida que passou sem ter sido, lamentavelmente.
Lamento toda frieza, toda relutância, todo orgulho, toda dúvida
Lamento toda a bolha de auto-proteção em que nos colocamos
Lamento a inacessibilidade, a vida fechada, a não entrega
Lamento minha lamentavelmente capacidade de sentir demais, o tempo todo
Lamento ser em tudo demasiada. Fato.

sábado, 25 de setembro de 2010


Eu construo castelos na areia.
Castelos de ilusões já conhecidas
Castelos de desejos latejantes.
De sólidos desejos, em lugares insólitos.
Sólidos sentimentos sob sentimentos vãos.
Ignoro o vento... Ignoro o não.
Antecipo o “sim” onde exista o “talvez”.
Confusão de quem não quer acreditar
Que tudo possa ser assim tão fulgaz.
Caminho por caminhos incertos
Vida que vem e vai sem direção
Sob rumo desconhecido, continuo...
Até quando? Não sei...

sábado, 15 de maio de 2010

Que mundo é esse?


Que mundo é esse?
Pergunta corriqueira na minha vida...
Tenho levado e muito na cara, simplesmente porque no fundo, no fundo, acredito nas pessoas.
A sinceridade que eu disponho, nem sempre é retribuída...
É por isso que dizem por aí que bonzinho só se fode....
Mas de forma incontrolável eu continuo acreditando nas pessoas...
Acredito que os bons sentimentos podem salvar as pessoas deste mundo em que tudo é muito descartável...
Onde no desespero de encontrar a tal felicidade, estampada nas novelas e nas comédias românticas as pessoas se atropelam, mesmo sem querer. Não por maldade, ou por mal caratismo, mas simplesmente porque elas não aprenderam a ser transparentes e não se dão a oportunidade de ser fiel ao que sentem.
Autoproteção é puro senso de sobrevivência. Me protejo para não sofrer e essa proteção me impede de viver e de ser natural.
Naturalidade... Que palavra rara hoje em dia! A superficialidade ganha as estampas não só das revistas de moda, mas também na vida das pessoas.
Eu tenho que aparentar ser inteligente, aparentar ser confiável, aparentar ser feliz, aparentar sucesso, beleza e saúde para que as pessoas dêem a chance de se aproximar... E se eu for um pouco burra, um pouco vulgar, um pouco triste, um pouco frustrada, feia e doente? Aí só restam as margens do mundo... Ou a solidão... Castigo daqueles que não conseguem a melhor estampa nas vitrines.
Dizem por aí que o mundo é cruel, mas quem faz o mundo? Não somos todos nós?
E eu continuo pensando onde isso tudo vai parar...

domingo, 7 de março de 2010

Perguntas...




O que se passa no seu coração?
Sente?
Tem medo de quê?
Sonha com o quê?
Ama? Não ama?
Se importa? Não se importa?
É? Ou não é?
E se não é agora o que era antes?
Ir fundo? E se doer?
De novo?
E você indeciso. Não sabe. Ou joga?
Pensa demais?
Planeja demais?
Esquiva-se de quê?
Ser frágil é ruim?
Sentir-se inseguro faz isso?
E o que se faz de tudo isso?
“Saudade dói, sabia?”
Eu, a personificação de ausências intermináveis e latejantes.
Você não sabe e talvez nunca venha a saber.
Eu não sei e talvez nunca tenha as respostas.
Porquê quando longe se viu, perto se fez presente.
Quando perto estava, foi-se distante, de atos e palavras...
Fostes longe, tão longe que não sei se ainda consigo ver.
Me ouves?
Me vês?
Me sentes?
Uma névoa, uma sombra e só...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Despedidas...



Despeço-me das coisas que inventei, numa loucura insana de acreditar e querer que fosse verdade...
Despeço-me do desejo de sentir...
Despeço-me dos sentimentos que mal formados já se dissipam pelo não cuidado...
Despeço-me do sorriso fácil e do carinho nas horas mais deliciosas... Carinho este esquecido momentos depois quando você vai embora...
Despeço-me da voz suave dizendo que me adora e me fazendo sentir importante ao lembrar de mim em momentos cruciais... Lembrar e esquecer segundos depois que você já não está mais aqui...
Despeço-me do que quase foi... Mas que talvez pelo medo, ou por pura falta de vontade, nem sequer chegou a ser de fato....
Despeço-me de mim... Que a cada dia e a cada vivência ,vai por vezes tomando forma de um grande mosaico de sentimentos remendados...
Quebrar-se e reconstruir-se cansa...
Olhar tudo em volta e a cada perda voltar a sorrir, dói...
Fazer a opção de abrir mão, mesmo que de tão pouco, machuca...
E assim vai se transformando este coração que tem que aprender a ser menos sentimento... Um pouco de razão não lhe faria mal... Se alguém souber viver assim, por favor, me ensine...