Leituras imperdíveis

domingo, 5 de dezembro de 2010

Incoerências



A confusão não é sua, é minha.

Não há confusão na sua pouca vontade de ter companhia e na sua auto-suficiência. Confusão há na minha necessidade de não estar só, na minha busca por intimidade e presença.

Não há confusão na sua busca por objetivos, mesmo que eles lhe afastem de mim. A confusão reside na minha intolerância aos planos que não me incluem.

Não há confusão no seu apreço pelos momentos com amigos. Confusa sou eu e minha necessidade de compartilhar o que me é importante.

Não há confusão nos seus atos, mesmo que por um instante as palavras não coincidam. As minhas ações é que são de uma incoerência sem tamanho.

Não há confusão no seu ciúme e sentimento de posse. Confusa sou eu que acredito na confiança e liberdade, e principalmente no cuidado que cativa e faz nascer o desejo de ficar.

Não há confusão na sua discrição exagerada, quase secreta. Há confusão sim na minha exposição sem medidas, sempre.

Decidir por si não é fácil, decidir pelo outro é impossível, interpretar que há indecisão e confusão onde só há diferença de perspectivas, parece ter sido minha escolha.

Você me olha com olhar de quem não entende e eu respondo: eu é que estou no lugar errado. O lugar da sempre espera, sem retorno.

Sempre indo além do que deveria na esperança de que alguém me salve deste emaranhado de dúvidas e expectativas confusas em que vez em quando me encontro.

Esse lugar que não deveria ser meu, que eu não gostaria que fosse meu, mas que inevitavelmente eu me encerro.

Quando você me diz “eu estou confuso”, talvez exista mais medo do que dúvida. Medo inclusive de dizer a verdade.

Eu entendo. Eu sempre entendi, mas a confusão não me deixou reagir.

Eu deveria partir. Agora. Sem volta e sem olhar pra trás. Esse deveria ser o meu Adeus. Será que consigo? Eis a questão.

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